Pelo menos 300 municípios paulistas participaram das manifestações contra o aumento do ICMS na última quinta-feira, 7 de janeiro. Diretores da Sociedade Rural Brasileira marcaram presença em diversas regiões, testemunhando a ampla mobilização dos produtores rurais, que reuniu milhares de tratores no interior de São Paulo.

“A força e a união do setor foram surpreendentes, foi uma experiência muito enriquecedora”, destacou a presidente da SRB, Teresa Vendramini, que acompanhou pessoalmente os tratoraços nos municípios de Tupã e Vera Cruz. Vendramini contou que em algumas cidades foram levados ao protesto mais de 200 tratores, sempre respeitando a ordem, sem causar prejuízos a quem circulava pelas rodovias.

“Foi um movimento que partiu das bases, os produtores conseguiram dar o recado aos governantes”, disse Marcus Falleiros, diretor da SRB que participou ativamente das manifestações na região de Franca. Ele ressaltou que o setor defende a revogação dos decretos que aumentaram a alíquota do ICMS para diferentes produtos. “Não adianta apenas a suspensão, ou mesmo mexer apenas em alguns itens”, destacou Falleiros. Para ele, esta é uma responsabilidade não apenas do poder executivo mas também da Assembléia Legislativa. “A questão não afeta somente a agropecuária, aumento de impostos é algo que que será percebido pela sociedade, pelo consumidor no supermercado”, completa.

O diretor da SRB Azael Pizzolato Neto, que esteve em Jaboticabal, concorda que o tratoraço foi um sucesso por demonstrar a união dos produtores rurais. Ressaltou, entretanto, que o setor ainda aguarda a publicação das mudanças prometidas pelo governo de São Paulo no decreto que estabeleceu a alta do ICMS. “Consideramos um avanço a manifestação do governador João Doria na véspera do protesto, que se mostrou sensibilizado com as reivindicações”, admitiu o dirigente. Diante do sucesso do movimento e dos pronunciamentos do governador e de seu secretariado, Azael Neto espera que o agro seja totalmente atendido com a suspensão nos aumentos na carga tributária de insumos agropecuários e produtos agrícolas. Ele frisou, no entanto, que há indícios de que, possivelmente, alguns itens fiquem de fora, como por exemplo o etanol, o que o setor não concorda, já que causará prejuízos para toda a sociedade nos aspectos ambientais, sociais e econômicos. O dirigente lembra  que o estado de São Paulo é o maior produtor de cana-de-açúcar do Brasil. “Não pode-se afirmar que o agro tem sido amplamente atendido pelo governo paulista, precisamos aguardar a publicação oficial para saber quais os reais impactos da mudança”,acrescentou. Segundo ele, os produtores continuarão vigilantes e mobilizados até que haja oficialmente a revogação total da medida.