A Sociedade Rural Brasileira está reforçando as orientações aos pecuaristas sobre como se adequar as novas regras de controle da cisticercose bovina no País. O prazo para que as autoridades retomem a fiscalização mais rígida junto aos frigoríficos termina em agosto de 2022.

De acordo com o diretor executivo da SRB, Luiz Roberto Zillo, a fiscalização iniciada no ano passado causou prejuízos aos pecuaristas, que chegaram a registrar descontos de até 50% no valor das carcaças bovinas, quando eram detectados os cisticercos, vivos ou mortos, durante o abate nos frigoríficos.  Após um trabalho intenso junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a SRB e outras 11 entidades do agronegócio conseguiram um novo prazo para que estas normas fossem adaptadas e readequadas ao dia a dia das propriedades rurais. O resultado foi a publicação no dia 26 de fevereiro de 2021, no Diário Oficial da União, da Instrução Normativa Nº121 que estendeu em 18 meses o prazo para adequação dos estabelecimentos de abate, que precisam levar informação aos seus clientes e criar programas de melhoria da qualidade da matéria-prima, o que inclui o sistema de controle da cisticercose bovina.

Zillo explica que foi feita uma minuta de contrato entre as entidades e o Mapa para orientação ao produtor nos cuidados com a vermifugação do gado, assim como nas condições de higiene aos colaboradores, além de outras ações relacionadas ao tema.   “O contrato não foi assinado ainda, mas como consideramos importante ficarmos alertas e atentos em relação ao tema, iremos intensificar as orientações aos produtores e distribuir mais uma vez a cartilha da SRB que explica como combater o problema da cisticercose bovina”, destacou.

A portaria de fevereiro deste ano havia atendido parte das reivindicações do setor, embora não na totalidade das cláusulas iniciais da minuta do contrato. Mesmo assim, o Mapa mantém o papel de fiscalização e as Secretarias Estaduais de Saúde devem ter um papel importante na comunicação e orientação da população sobre a zoonose.

Especialistas acreditam que o caminho deve ser um amplo programa de combate a cisticercose bovina. A doença parasitária é causada pelo verme tênia e é transmitida do homem para o bovino. Os bovinos pegam a doença ao ingerir água ou alimentos contaminados por fezes humanas. Na cartilha da SRB, é possível encontrar orientações sobre os cuidados com o rebanho, a importância da vacinação e também as recomendações para evitar o problema entre os humanos, que fazem parte da solução.

Clique aqui e baixe a Cartilha Sanitária Cisticercose elaborada pela SRB

Entenda o caso

O decreto publicado no dia 18 de agosto de 2020 estabelece que, se houver a detecção de cistos durante o abate nos frigoríficos, as carcaças bovinas podem ser condenadas sob alguns novos critérios, o que inclui o encaminhamento para a graxaria ou o tratamento pelo frio. A medida abrange até mesmo as carcaças que contenham cistos (cisticercos) já calcificados, causando prejuízos e transtornos tanto aos pecuaristas quanto para a indústria. Pelas regras anteriores ao decreto, se fossem achados poucos cisticercos mortos (uma espécie de bolsa onde se desenvolve a larva da tênia) o pedaço da carne era retirado e a carcaça estaria liberada.

Outra mudança estabelecida pelo decreto nº 10.468/2020, publicado pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, estabelece que se o número de cistos encontrado for reduzido, que não caracterize infecção intensa, passa a ser obrigatório o tratamento pelo frio ou pelo calor, após a remoção das áreas atingidas. Esse procedimento, além de ser custeado pelo produtor, pode derrubar pela metade o preço da arroba da carcaça. “Os frigoríficos não têm nem espaço físico para manter as carcaças por 15 dias a menos de 10°C conforme determina esta nova legislação”, alerta Zillo. Por este motivo, o setor pediu mais prazo para que juntas as entidades buscassem alternativas para que toda a cadeia produtiva pudesse se adequar.