O preço do boi gordo já acumula desvalorização de 8,93% em 2022. Essa foi uma das informações apresentadas na reunião do Departamento de Pecuária da Sociedade Rural Brasileira (SRB), realizada nesta segunda-feira e que reuniu pecuaristas de Goiás, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo. 

O encontro contou com a participação da equipe de pecuária da Datagro, que atualizou os pecuaristas sobre os números do mercado, que vem nas últimas semanas apresentando desvalorização no preço da arroba do boi gordo. Segundo os dados registrados no balizador GPB Datagro, o mercado do boi gordo abriu o ano com a arroba em preços médios de R$ 337,84, sendo que na segunda semana de março a cotação atingiu a máxima a histórica de R$ 352,33 na praça paulista. De lá para cá, a variação negativa já chegou a 12,68% se comparada ao preço máximo alcançado em março. “Aquele ganho nominal que o setor vinha tendo até março, o pecuarista já perdeu”, explica Vitório Amoroso Neto, analista da Datagro Pecuária.

Vários são os fatores que colaboraram com este cenário. Segundo a consultoria, estamos no momento de virada do ciclo produtivo, portanto nota-se um aumento na oferta de animais, especialmente de fêmeas, e uma demanda interna reprimida por conta da situação econômica dos brasileiros. Contudo, as exportações brasileiras de carne bovina têm sustentado os preços do boi gordo, evitando quedas maiores. O volume exportado nos 4 primeiros meses do ano somam 626 mil toneladas, alta de 33,61%  em comparação ao mesmo período do ano passado. Isso representa uma diferença de U$ 1,5 bilhão, gerada principalmente pela alta demanda da China e novos mercados, como os Estados Unidos.

Outro ponto de atenção apresentado pelos consultores é o custo de produção. O mercado do milho está muito volátil, mas ainda assim a relação de troca está acima da média anual, mas em alguns estados já se nota a queda no poder de compra.  “Os custos não estão confortáveis e pressionam as margens da cadeia produtiva como um todo. Momento de muita atenção da cadeia. É preciso estudar o mercado, procurar formas de se proteger dos riscos e se preparar para esse tipo de cenário”, finaliza o analista da Datagro, Guilherme Jank.