O comitê de sustentabilidade da Sociedade Rural Brasileira (SRB) esteve reunido no final de fevereiro debatendo os posicionamentos da entidade em alguns dos principais temas relacionados à produção e ao meio ambiente. Segundo o líder do Comitê de Sustentabilidade da SRB, Plínio Ribeiro, ainda em 2020 foram definidas quais seriam as pautas prioritárias, com o objetivo de mostrar as práticas sustentáveis que já vem sendo adotadas pelo setor e avançar neste tema.

No encontro, três eixos foram tema de debate onde convidados trouxeram exemplos e informações para a tomada de decisão de apoio da Sociedade Rural Brasileira. O primeiro assunto discutido foi o potencial dos projetos de carbono na agricultura trazido pelo sócio diretor da Pangea Capital, Roberto Strumpf. O especialista demonstrou que o país tem muito potencial em desenvolver projetos de crédito de carbono na agricultura. “Temos vários desafios sendo que o principal é como que podemos fazer a análise do solo em larga escala. Várias coisas interessantes foram mencionadas, entre elas fazermos uma ligação com o programa ABC e o BioAS, programa de análise biológica da Embrapa”, destaca Ribeiro.

Outro tema foi a questão do Código Florestal, com a análise dos principais gargalos para que haja uma efetiva implementação desta lei no Brasil. O líder do Comitê de Sustentabilidade afirma que foi definido que a SRB vai apoiar os produtores na etapa de análise e validação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) em nível federal ou dos Estados. “Entendemos que superado esse desafio o código volta a ser implementado”, explica, acrescentando que o Mato Grosso, onde foi criada uma força tarefa que deu celeridade ao CAR no Estado, foi demonstrado como um exemplo.

O terceiro tópico debatido foi o desmatamento no país. O especialista e pesquisador do Insper Agro Global, Marcos Jank, trouxe ao grupo a discussão das cadeias livres de desmatamento e o exemplo do que as empresas estão fazendo, além de apresentar uma reflexão de que o Brasil não tenha duas realidades de desmatamento. “O mercado está forte e aquecido, temos 170 milhões de hectares de pecuária onde em torno de 40 milhões em área degradada que podem ser incorporadas pela agricultura tirando a pressão em curto e médio prazo do desmatamento ilegal”, observa.

Para Ribeiro, a questão do desmatamento legal está de mãos dadas com a agenda do Código Florestal. “Para atacar o desmatamento ilegal precisamos trabalhar com incentivos como compensação de reserva legal, carbono e incentivos financeiros para o produtor não abrir mão do que é direito”, complementa.

Antigo pleito do setor, o pagamento por serviços ambientais teve a lei aprovada no ano passado, mas agora precisa de regulamentação. A expectativa é que os produtores rurais que preservem o meio ambiente e contribuam para a recuperação de ecossistemas sejam recompensados financeiramente.

O comitê também vai se dedicar as questões que envolvem a Amazônia, a bandeira do desmatamento ilegal zero e a necessidade de acelerar o processo de regulação fundiária no Brasil. Outro tema é o Protocolo de Nagoya, que trata da biodiversidade. Por último, a SRB deve tratar também do incentivo a utilização de produtos biológicos na agropecuária, especialmente a prática chamada de “on farm”.