O Departamento de Café da Sociedade Rural Brasileira (SRB) promoveu um debate neste mês de outubro sobre o tema “Café Natural, Cereja Descascado ou Fermentado”, com a participação de especialistas do setor, que apresentaram as técnicas de processamento que produzem estes tipos de café.
Carlos Brando, coordenador do Departamento de Café da SRB, iniciou as discussões afirmando que, durante mais de 200 anos, o Brasil e o mundo produziram somente café natural e café lavado. “No final dos anos 80 e início dos 90, surgiu o cereja descascado e aconteceu o fim da polarização entre o café natural e o lavado. O Brasil liderou esse processo e hoje produz cerca de 8 milhões de sacas de café cereja descascado”, declarou Brando, destacando também que hoje está se tornando um mito a “especialização” por país e região, pois muitos países produzem estes três tipos de café e agora também os fermentados.
Aldir Alves Teixeira, diretor geral da Experimental Agrícola do Brasil/illycafé, abordou o processo de fermentação dos cafés naturais e cereja descascado, fermentação aeróbica ou anaeróbica. “As variações nos métodos de preparo do café após a colheita, incluindo a colheita propriamente dita, o descascamento, a remoção da mucilagem e, mais recentemente, as fermentações controladas, são elementos que têm um impacto direto na qualidade final dos lotes, resultando em bebidas com características distintas e reflexos na comercialização”, ressaltou Teixeira. Também apresentou resultados de pesquisa comparativa recente sobre o tratamento (natural, natural fermentado, descascado e descascado fermentado) e análise de características sensoriais usando como método de preparação o expresso Illy e a infusão SCA.
A reunião da SRB também contou com a participação de Eduardo Carvalhaes Júnior, analista de mercado do Escritório Carvalhaes. Ele destacou as transformações e inovações que ocorrem no mercado mundial. “O cereja descascado está em destaque. Mas vejo muitas mudanças daqui para a frente. Acredito que, de maneira geral, a fermentação ainda está na pré-história. Temos muito a aprender. O café brasileiro evoluiu de modo extraordinário dos anos 90 até hoje. Somos os maiores exportadores de café do mundo e a imagem do nosso produto está valorizada pelos importadores, entretanto falta o consumidor nos Estados Unidos e na Europa reconhecer a qualidade do nosso café”.
Thales Favaro, coordenador de promoção da Brazilian Specialty Coffee Association (BSCA), destacou que o concurso Cup of Excellence Brasil 2023 terá a categoria café experimental. “É um projeto piloto mundial, que está sendo desenvolvido no nosso país incluindo cafés que passam por vários processos de fermentação. O mercado busca cafés com novos sabores e gostos. Os concursos de qualidade têm o intuito de ressaltar a qualidade do café, no caso do experimental com o objetivo de promover novos experimentos e processos como a fermentação. A ideia é contribuir com os produtores desses novos cafés. O Brasil está saindo à frente nesse processo, se preparando assim, para liderar também este segmento”, concluiu Favaro.
*A transmissão completa da reunião está no canal do SRB no YouTube, clique aqui e assista!