Teresa Cristina fala de desafios e oportunidades para o setor em fórum virtual com presenças da presidente da SRB, Teresa Vendramini, e do presidente da Datagro, Plínio Nastari
A pandemia do novo coronavírus vem impondo dificuldades e exigindo poder de adaptação para produtores rurais de todo Brasil, mas também reservará oportunidades para os mais fortes. A avaliação é da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que nesta segunda-feira participou do Fórum Virtual “A Resposta do Agro”, promovido pela Datagro em parceria com a Bandnews e o canal Terraviva. Para a ministra, a reconstrução econômica do Brasil pelo agronegócio será capitaneada pelos produtores que estiverem mais preparados para antever as lacunas de mercados em plena transformação. A presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Teresa Vendramini, que também participou do debate, ratificou a mensagem como importante sinal para que o setor saia ainda mais fortalecido da crise.
Na visão da presidente da SRB, as oportunidades serão mais acessíveis à medida que governo e setor privado consigam coordenar ações em prol da defesa da sanidade humana e animal durante a pandemia. Segundo Teresa Vendramini, a crise tem estimulado pecuaristas a reavaliar a consistência do controle sanitário em suas propriedades, mas a grande maioria dos produtores já estava preparada para um cenário mais crítico. “Já temos um produto de qualidade e sempre fomos muito auditados, vamos passar bem por essa situação”, avaliou a dirigente.
A ministra Tereza Cristina concordou com a presidente da SRB e destacou que a experiência e o alto grau de exigência do mercado ajudaram a elevar os padrões de qualidade do produto brasileiro ao longo dos anos. “O que muitos produtores viram no passado como dificuldade, hoje nos impulsiona a estar muito mais avançados que nossos concorrentes na questão da sanidade”, completou a ministra. De acordo com Tereza Cristina, empresas do setor também já estavam equipadas para minimizar os riscos de contágio dentro das linhas de produção, protegendo os funcionários de frigoríficos.
Para a ministra Tereza Cristina, o agro brasileiro continuará travando sua batalha interna em prol da segurança alimentar da população, mas não deve perder de vista as oportunidades do cenário pós crise. Segundo a titular da pasta, o Ministério vem tendo o apoio da Embrapa e de um grupo de especialistas em Comércio Internacional para criar diferentes cenários de como os principais países exportadores do planeta serão impactados pela pandemia. A ideia é que o Brasil consiga aproveitar o momento para diversificar sua pauta de exportações e alcançar novos parceiros. “Temos capacidade para alimentar 1,6 bilhão de pessoas no mundo, somos um dos únicos países capazes de expandir a produção sem agredir o meio ambiente”, disse Tereza Cristina. “Já fazemos muito, mas agora temos condições de fazer mais e melhor”, completou a ministra.
A presidente da SRB também sugeriu ao MAPA que intensifique as auditorias sanitárias realizadas por técnicos do Ministério em cada estado brasileiro. Segundo a dirigente da entidade, o governo realizou uma série de auditorias durante a criação do Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA), mas alguns protocolos já ficaram desatualizados. “Nos ajudaria a ver onde estamos pisando e onde estamos com mais dificuldade”, explicou a dirigente. Em resposta, a ministra Teresa Cristina explicou que um aporte de R$200 milhões obtidos pela pasta junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) já está sendo usado para aprimorar a vigilância sanitária em todo País, sendo essa uma pauta importante para o Ministério.
O presidente da Datagro, Plínio Nastari, que também participou da conferência, reforçou que segurança alimentar é a função mais crítica e importante para o País no que chamou de “momento de guerra”. Nastari chamou atenção para o impacto da crise no setor sucroenergético, que vem enfrentando bruscas quedas de preço e de demanda de etanol e biodiesel. Segundo Teresa Cristina, o Ministério da Agricultura já vem trabalhando em conjunto com o Ministério de Minas e Energia para propor soluções de armazenamento do etanol, dando mais tranquilidade aos produtores para colher a cana e planejar a próxima safra.