A presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Teresa Vendramini, esteve recentemente visitando o Pantanal, onde conheceu o trabalho da fazenda Santa Fé do Corixinho, localizada no município de Corumbá, em Mato Grosso do Sul. Com 11,3 mil hectares de produção, a propriedade se notabiliza pelas diversas práticas sustentáveis dentro do bioma. Trata-se de uma família que está na região do Pantanal desde a década de 50.

Eduardo Cruzetta, proprietário da fazenda, faz parte da terceira geração desta história de sucesso. Ele lembra que o início da virada para esta nova pegada sustentável ocorreu a partir de 2009, com a formação de novas áreas já sistematizando para manejo de pasto. “Uma das premissas é que precisávamos de água de boa qualidade bem posicionada. Fizemos um reservatório e uma rede de distribuição para alocar as pilhetas e praças de alimentação. Em 2016 ingressamos na ABPO e iniciamos a certificação para carne orgânica, que é para a gente buscar melhor remuneração e premiação pelo nosso produto, atendendo a protocolos de produção e certificados”, explica

O pecuarista salienta que se trata de uma fazenda pantaneira, que tem restrições de logística e de uso da terra, mas que para eles o funcionamento é positivo mesmo abrindo mão de certas tecnologias. “Na parte da cria fazemos o uso do IATF desde 2015. Na primeira inseminação tivemos 37% de prenhês, mas hoje nossa média está acima de 50%”, salienta. “O domínio dos números da fazenda nos assegura que evoluído nos nossos índices como fertilidade, índices de desmame e em todas as categorias. Os índices de perda pré e pós parto são elevados no pantanal pelas características do bioma, mas temos este controle e sabemos aonde estamos pisando” frisa.

Cruzetta revela que o índice médio de prenhês da última safra foi de 77%. Enquanto o desfrute do rebanho da safra 2018/2019 foi de 24%, na safra 2019/2020 este percentual aumentou para 33%. Ele explica que o aumento do desfrute se deve à correção e ajustes da capacidade de suporte na área, “já que o manejo de pastos é bem acertado, e temos ciência dos indicadores produtivos”, reforça. Além disso, a lotação dos pastos nativos gira em média de 0,25 UA/ha e dos pastos plantados em torno de 0,75 UA/ha. “Não utilizamos adubações nem correção de solo. Apenas a fertilidade natural e estamos introduzindo adubações biológicas ou enriquecimento da biota do solo através da multiplicação e pulverização de micro-organismos”, complementa.

Durante o processo na época de formação da área, eles iniciaram as primeiras experiências com a pastagem ecológica, introduzindo a gramínea no cerrado no meio da vegetação arbórea. Cruzetta diz que essa técnica já existia mas que foram adaptando para fazer em larga escala. “Comecei em 2013 e ainda estou aprimorando esta técnica. A propriedade tem a parte da cria, certificada para a carne sustentável, e da recria e engorda com um setor certificado para produção de carne orgânica. Entramos no programa de coleta de dados, que foi o Integra. Isso, eu considero como um dos pilares do nosso negócio pois temos toda a gestão monitorada e baseada em um controle bem feito que é o que traz segurança para nossas decisões”, destaca.

O produtor lembra também que tudo isso foi possível graças ao processo de sucessão familiar que iniciou em 2011. “Nós participamos de um treinamento na Federação da Agricultura do Mato Grosso do Sul, que abriu novas perspectivas sobre este tema”, conclui.