No acumulado do ano até setembro PIB do Brasil teve retração de 3,2% – o maior desde 1996
O PIB do setor agropecuário recuou 2,4% no terceiro trimestre de 2015 em comparação com o segundo trimestre deste mesmo ano, segundo levantamento divulgado hoje pelo IBGE. Em comparação com o mesmo período do ano passado, a queda do setor foi de 2%.
O levantamento divulgado nesta segunda-feira aponta que o resultado “pode ser explicado pelo desempenho negativo de alguns produtos que possuem safra relevante no terceiro trimestre (café, cana, laranja, algodão e trigo), parcialmente compensado por ganhos de produtividade nas lavouras de cana, algodão e trigo”.
Em relação ao conjunto da economia, o PIB do Brasil teve retração de 1,7% se comparado ao trimestre imediatamente anterior e de 4,5% se comparado ao terceiro trimestre do ano passado – a maior queda desde o início da série histórica iniciada em 1996.
No acumulado do ano até setembro, a soma das riquezas produzidas pelo país tambem recuou se comparado ao mesmo período do ano passado, com retração de 3,2%. Trata-se, também, da maior queda acumulada no período desde o início da série histórica.
Pessimsimo
A queda do PIB da agropecuária reflete o pessimismo do setor e as perdas com a valorização inesperada do dólar, defende o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gustavo Junqueira,
De acordo com ele, o terceiro trimestre é marcado pela compra de insumos e de planejamento de investimentos, afetados pela insegurança do produtor com o rumo da economia
“Esse é um efeito negativo dos demais setores no resto do Brasil, o que faz com que a atividade agroepecuária movimente menos recursos e, nessa composição, isso teve um peso maior”, explica Junqueira.
Em relação ao dólar, o presidente da SRB destaca que no início do trimestre “ninguém tinha essa expectativa de subida do dólar” como se observou, passando de pouco mais de 3 reais o dólar em julho para picos acima de quatro reais em setembro.
“É uma maxidesvalorizadao que afetou muito a dinâmica de comercialização do setor. Boa parte da safra foi vendida e precificada em valores daquele momento, antes da safra ser colhida, mas depois o dólar ficou muito mais caro e essa riqueza não foi assimilada junto da agropecuária”, ressalta.
Falta de recursos
O presidente da SRB voltou a criticar o Plano Safra divulgado pelo Governo Federal este ano, que destinou a maior parte dos recursos para pequenos e médios produtores, o que Junqueira classifica como uma “pedalada” do Governo.
“Hoje, por volta de 80% dos recursos do agronegócio são recursos do Tesouro. Com a não existência desses recursos ou de pouco recurso com taxas de juros mais altas, isso vai ter um efeito obviamente. Os plantios, as compras e toda a punjança do agronegócio perdeu esse brilho com menos área platada e menor produtividade”, critica o presidente da SRB.
Fonte: Agência EFE