Criado junto com a Sociedade Rural Brasileira (SRB), em 1919, o Departamento do Café da entidade vem trabalhando fortemente nas últimas décadas para garantir espaço para o produto no mercado mundial. Em sua história, a defesa dos cafeicultores foi sempre tema do grupo, que conta atualmente com um grande número de produtores, cooperativas, tradings, empresas de comércio, consultores, torrefações, cafeterias, entre outros.

Conforme o diretor do departamento, Marcelo Weyland Barbosa Vieira, a SRB começou como uma sociedade dos produtores de café porque era o principal produto da agricultura brasileira e principal commodity de Exportação. “O comércio de café era totalmente controlado pelo governo. Os produtores se juntaram para poder negociar com o governo a regulamentação deste comércio e da produção. Com o tempo foi ficando mais complexo e foi criado o Instituto Brasileiro do Café (IBC) que tinha a regulamentação de todo o comércio e ficava com 40% do valor da exportação”, salienta.

Vieira explica que o IBC determinava o volume e dava cotas de exportação. E isso impactava no preço e resultado dos produtores. “Até os anos de 1970 o café era o principal produto, e nessa época começou o desenvolvimento da agricultura com as tecnologias. Com isso o café deixou de ser prioritário até que no governo Collor foi fechado o IBC e foi liberado o comércio. Com isso os produtores puderam começar a ter acesso aos mercados internacionais”, recorda.

A partir deste momento, de acordo com o dirigente, os produtores se reuniram e viajaram o mundo para ver como venderiam o produto no mercado internacional. O departamento começou a negociar com o Ministério da Agricultura e foi criado o projeto do café gourmet para promover o café brasileiro e ter acesso aos melhores mercados mundiais. “Percebemos que era muito difícil concorrer com as grandes tradings, mas o produtor podia ser mais competitivo no mercado gourmet. Por isso surgiu a Associação Brasileira de Cafés Especiais e até hoje é uma das grandes parceiras da SRB. Começamos a promover o café brasileiro no mercado mundial. O IBC pensava em volume e gerar recursos, sempensar na qualidade. Mas nós pensamos em ser competitivos no mercado de cafés especiais poderíamos ter um preço melhor”, destaca.

Vieira enfatiza que o café brasileiro se popularizou muito e o produtor brasileiro começou a ter uma rentabilidade maior. Outro fato importante com a mudança na comercialização foi a desregulamentação do comércio, que trouxe eficiência no mercado do café. “Com isso o produtor recebe cerca de 92% do valor do café, enquanto na América Central fica com 60% do valor e na África até 40% do valor final. O produtor de maior escala pode vender diretamente para um torrador por meio da associação e os produtores familiares podem comercializar por cooperativas”, frisa.

Para 2021, o diretor do Departamento do Café da SRB informa que o objetivo é continuar agregando valor ao produto para garantir acesso a novos mercados. “O café tem um diferencial de preço em função da imagem e da qualidade. Temos projetos importantes com o Ministério da Agricultura e Apex para alavancar estes mercados”, conclui.