A Sociedade Rural Brasileira reuniu lideranças e especialistas para discutir o atual momento e as perspectivas para a cultura do milho. O período é de altas expressivas no preço do grão, o que preocupa setores que dependem do milho para ração animal. Por outro lado, especialistas concordam que esta é uma excelente oportunidade para que o Brasil siga avançando na cultura. 

O CEO da consultoria Céleres, Anderson Galvão, um dos participantes do webinar “Conversa na Rural” desta semana, destacou que a produção brasileira tem potencial para subir do patamar atual de 100 milhões de toneladas para 200 milhões de toneladas, a medida que a demanda mundial pelo produto não para de crescer. “Em 2016 a China retirou o milho da lista de reserva estratégica de alimentos, o que desobriga o país de ser autossuficiente na produção do cereal, só este fato já nos leva a projetar, de forma conservadora, que os chineses vão demandar 60 milhões de toneladas de milho nos próximos 10 anos”, afirmou o analista. Anderson Galvão lembrou que, no ano 2000, a China retirou a soja desta reserva, e o país acabou se tornando em pouco tempo no maior importador mundial da oleaginosa. Já o presidente da Abramilho e conselheiro da SRB, Cesário Ramalho, outro participante do painel, defende que o aumento na produção do cereal no Brasil tenha apoio do governo federal. “Precisamos de linhas de financiamento de longo prazo, não apenas aqueles de curto prazo, do Plano Safra. Queremos também ajustes no seguro rural, é um investimento público que vai retornar muito rápido, caso se defina um plano de expansão para o milho”, afirmou Ramalho. 

O debate foi liderado pela presidente da SRB, Teresa Vendramini, que destacou o momento de transformação que passa o mercado do milho, além da oportunidade de conciliar os interesses das diferentes cadeias produtivas. O vice-presidente da SRB, Sérgio Bortolozzo, disse que muitas vezes o produtor de milho vem sendo questionado em função da alta nos preços, algo que na prática está sendo ditado pela lei de mercado, já que o produto vem sendo muito demandado mundialmente, com um amplo leque de oportunidades ao agro brasileiro.  Bortolozzo destacou ainda a necessidade de reforçar a importância da agricultura tropical para a segurança alimentar no mundo, algo que ele já vem debatendo junto a organismos internacionais, já que foi escolhido para integrar o chamado Champions Network for the Food System Summit, grupo de lideranças que prepara a Cúpula de Sistemas Alimentares 2021, promovida pela ONU.

Os preços do milho ainda vão subir?

Quem acompanhou mais esta edição do chamado “Conversa na Rural” aproveitou para questionar sobre o futuro dos preços. Na opinião do analista Anderson Galvão, o milho já chegou no “teto” quando se fala na cotação em reais. Ele ponderou que os preços na Bolsa de Chicago dobraram nos últimos doze meses e que as cotações internacionais ainda seguem com tendência de alta em função do risco climático relacionado a safra norte-americana. “Porém, temos o fator taxa de câmbio, com a entrada expressiva de moeda estrangeira nos últimos tempos, a tendência é de queda para o dólar, que poderá chegar a R$4,80 no fim do ano, o que limita os ganhos do produtor de milho em reais”, disse o analista. 

O CEO da Céleres explicou que os preços recordes que vem sendo registrados para o milho são resultado de diversos fatores, entre eles, o ciclo de alta para as commodities, com excesso de liquidez monetária e a retomada econômica em diversos países. E neste cenário está sendo desenhada a quebra na safra brasileira, que no ciclo de inverno teve a produtividade comprometida, principalmente em estados como Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, trazendo ainda mais pressão para os preços do milho. “O produtor tem tecnologia para aumentar a safra de milho no Brasil”, destacou Galvão. Segundo ele, “o milho hoje já é tão importante quanto a soja para o agro brasileiro”. 

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