Para a SRB, o agronegócio é o setor com maior potencial de contribuição para cumprir as metas relacionadas a redução da emissão de poluentes
O agronegócio é a peça-chave do Brasil para o desenvolvimento do país e de uma economia global de baixo carbono. Esta foi a visão proposta pela Sociedade Rural Brasileira (SRB) na última Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, a COP-22, realizada em Marrakesh, no Marrocos, entre os dias 7 e 18 de novembro. “A conferência de 2016 pode ser resumida como a COP das diretrizes para a implementação dos acordos estipulados em 2015”, observou João Adrien, diretor da SRB que participou da conferência.
O documento final da COP-22, publicado no sábado (19), reforça os acordos assumidos durante a Conferência de Paris, sinalizando a criação de instrumentos financeiros para viabilizar os compromissos, sejam eles o crédito de carbono ou ainda recursos a título de investimento para viabilizar atividades de preservação e adequação. O objetivo é promover a redução das emissões de poluentes e limitar o aumento da temperatura do planeta a 2°C. “Surpreendentemente, até o final da conferência, 110 países ratificaram o acordo, inclusive EUA e China”, destacou Adrien.
Segundo ele, o Brasil teve um importante reconhecimento frente aos outros países durante a conferência, tendo em vista suas intenções firmadas já na COP-21, em Paris – da qual a SRB também participou. O País está comprometido a transformar sua economia e reduzir a emissão de gases que provocam o efeito estufa em 43% até 2030, liderando o anseio global por uma economia de baixo carbono. Para a SRB, o agronegócio é o setor com maior potencial de contribuição para o cumprimento dessa meta.
Para Marcelo Vieira, vice-presidente da SRB, “a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil está centrada no uso da terra e de biocombustíveis”. Neste sentido, fazem parte do compromisso brasileiro a restauração de 12 milhões de hectares de florestas, a recuperação de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas e a disseminação de 4 milhões de hectares de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), além da ampliação no uso de biocombustíveis para 18% da matriz energética do País.
Durante as negociações da COP-22, a SRB defendeu três condições para a realização de tais compromissos: a criação de mecanismos financeiros para remunerar a atividade de preservação, gerando renda aos produtores rurais por serviços ambientais; a captação de recursos internacionais para investimentos na adequação aos compromissos assumidos;o reconhecimento do agro brasileiro como o mais sustentável do mundo, tendo em vista os enormes esforços do país para que a produção agropecuária brasileira seja 100% uma economia de baixo carbono;a implantação do Código Florestal é um exemplo, especialmente pelo total de área já preservada no país (63% do território está preservado) e pelos diferenciais da agricultura tropical do Brasil.
A delegação brasileira, chefiada pelo ministro do Meio Ambiente Sarney Filho, contou com importantes quadros do Itamaraty e com a presença do ministro da Agricultura, Blairo Maggi. O presidente da SRB, Gustavo Diniz Junqueira, que acompanhou as movimentações sobre a COP destaca que “a participação do ministro Maggi foi fundamental para reafirmar ao mundo a importância do setor agropecuário brasileiro no cumprimento das metas assumidas. O setor é indispensável para o desenvolvimento de uma economia global de baixo carbono, mas nossos esforços precisam ser reconhecidos pelo resto do mundo. Já os nossos produtos devem ter prioridade no comércio mundial. Sem isso temos um grande risco de morrer na praia por falta de competitividade”, alertou Junqueira.
Desta forma, para a entidade, existe uma oportunidade para o agro brasileiro tornar-se referência global na produção de alimentos de baixo carbono. Dependerá da capacidade institucional da sociedade e do governo brasileiro em integrar as discussões, alinhar as políticas comerciais brasileiras e estruturar os incentivos corretos para tal transformação.
Foto: Luana Maia / Coalizão Brasil