A importância da agropecuária para o maior equilíbrio no chamado balanço de carbono, contribuindo para a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa, já é incontestável. Por esse motivo, a Sociedade Rural Brasileira vem realizando encontros com especialistas no tema para mapear as ferramentas disponíveis e a viabilidade da mensuração de carbono no campo e, consequentemente, da busca futura de compensações financeiras para atividades que sejam aliadas do meio ambiente.
Em um dos encontros do Grupo de Trabalho de Mensuração de Carbono da SRB, o pesquisador da Embrapa Solos, André Marcelo de Souza, apresentou o chamado SpecSolo, uma solução tecnológica que promete mensurar o carbono orgânico do solo com mais eficiência e com menor custo. O método é baseado na espectroscopia de infravermelho próximo (NIR) que, apesar de não ser nova, só agora foi aperfeiçoada pelos pesquisadores da Embrapa Solos, tornando viável sua utilização.
“Começamos a estudar a metodologia na época porque percebemos que o sistema mais usado para a mensuração de carbono no solo era feito com muito reagente químico, deixando resíduos de metais pesados, por isso a preocupação inicial foi com a questão ambiental“, explicou Souza.
À medida que os estudos avançaram os pesquisadores perceberam que os dados coletados poderiam ser melhor calibrados com o uso da inteligência artificial e o resultado foi uma solução de hardware e software, batizada de SpecSolo, que já está sendo cada vez mais utilizada para a análise de solo no campo, embora ainda esteja aguardando a aprovação da patente.
A partir de um acordo entre a Embrapa Solos e o IBRA, um laboratório agronômico considerado referência em análises de solo, o trabalho foi avançando e até agora já foram avaliadas 1,5 milhão de amostras. Os principais diferenciais da nova tecnologia de mensuração de carbono no solo é a rapidez e a redução na geração de resíduos agressivos ao meio ambiente. “A tecnologia tem capacidade de fazer mais de 2 mil análises por turno de trabalho, enquanto os métodos tradicionais fazem apenas algumas centenas”, afirmou André Souza.
A redução de custo é outra importante contribuição da tecnologia. A Embrapa vem trabalhando em parceria com a Bayer em projeto que visa mensurar o carbono em propriedades rurais. Em 2020, foram cerca de 50 fazendas e em 2021 o número ultrapassou 2 mil.
“Nossos estudos mostram que, para fazer análise de solo nos 70 milhões de hectares de agricultura do Brasil, entre 2023 e 2030, pelos métodos tradicionais, como CHN, seriam necessários US$ 639 milhões para viabilizar o trabalho e ainda assim há dúvidas se seria possível”, disse o pesquisador da Embrapa. Já com o uso do SpecSolo um trabalho deste tamanho seria possível gastando muito menos, cerca de US$ 160 milhões. O custo por amostra do novo sistema é R$5,00, enquanto o método tradicional pode chegar a R$120,00 por amostra.
A apresentação completa do pesquisador da Embrapa Solos, André Marcelo de Souza, está no Canal da SRB no YouTube, que possui uma playlist exclusiva sobre mensuração de carbono. Assista, clicando aqui