Por Marcelo Vieira, presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), para a Agroanalysis.
O agronegócio brasileiro é um dos mais competitivos do planeta, posicionando o País hoje como o maior exportador líquido de alimentos para o mercado mundial. Fatores como eficiência crescente, produtos de qualidade, inovação tecnológica para ambiente tropical e elevados indicadores de sustentabilidade têm feito a diferença. Entretanto, há pontos ainda a serem melhorados, dentre eles os entraves burocráticos, a fiscalização ainda focada em irregularidades e multas, além dos desafios de nossa infraestrutura logística e os altos custos de transporte.
E neste cenário de resiliência do agro em meio a dificuldades dos últimos anos da economia brasileira, o produtor rural ainda permanece altamente exigido no âmbito burocrático, em oposição a normas mais claras e maior segurança para produzir. Já houve progressos como a nossa legislação trabalhista no campo, uma das mais exigentes entre os países com agriculturas relevantes. Também contamos com um abrangente Código Florestal e extraordinários índices de preservação de nosso território, com mais de 66% de sua área total coberta por vegetação nativa. Nossa matriz energética já é a mais limpa entre os grandes produtores de alimentos e estamos comprometidos a dobrar a produção de biocombustíveis e quintuplicar a produção de bioenergia.
Em busca de melhorias e soluções, questões da estrutura regulatória têm sido intensamente discutidas com nossos congressistas da Frente Parlamentar da Agropecuária, lideranças nos Ministérios e agências reguladoras. Dentre os maiores desafios estão aqueles ligados a transportes, licenciamento, entrada de novas tecnologias, novos mecanismos financeiros, legislação trabalhista, defesa sanitária, entre outros.
A equipe do novo Governo está bem focada nestes assuntos, que envolvem, sinteticamente, reduzir a estrutura burocrática e exigências de pouca pertinência. Ações nessa direção buscarão diminuir o “Custo Brasil”, sem retirar as boas regulações já existentes. Com uma organização mais moderna e a nova equipe no Ministério de Agricultura, certamente daremos passos significativos na restruturação regulatória para impulsionar nossa liderança no suprimento mundial de alimentos e na adequação de nossos produtores à legislação ambiental, responsável por nos tornar uma das agriculturas mais sustentáveis do planeta.
A economia brasileira, que passou por períodos difíceis, tem dado sinais de que voltará a crescer em um ambiente dinâmico, com a valorização de atividades que trazem resultados efetivos à nossa sociedade, permitindo a criação de novos empregos e desenvolvimento. As melhorias que o setor agropecuário almeja terão resultados mais satisfatórios se forem acompanhadas por uma melhor estrutura de ensino no interior e uma maior garantia de segurança no campo – talvez o desafio mais urgente de nosso setor.
Para os próximos anos, é necessário manter o otimismo, com o apoio dos produtores em todas as iniciativas ligadas ao agro para continuarmos a crescer. Empresários, entidades representativas e a nossa sociedade têm muito a ganhar ao serem desfeitos os nós aqui citados, em diálogo com setores do novo Governo na busca de soluções viáveis e efetivas no longo prazo. Dessa maneira, o agro brasileiro terá cada vez mais o merecido reconhecimento para atingir novos mercados.